Não há quem não pare pra olhar uma vitrine bem feita, um design limpo ou futurístico, uma pessoa bonita na rua.
"Superficialidade" é não se interessar pelo conteúdo que "recheia" aquela imagem, mas em uma época de competição em todos os fatores - clientes, faturamento, marketshare, e até emprego ou relacionamentos - ignorar que o primeiro impacto, causado pela imagem, é irrelevante é uma inocência que pode simplesmente te eliminar do páreo.
Tomemos como exemplo a Loja da Apple. A marca é conhecida pelo design limpo, tecnologia de ponta, recursos inovadores. Não tinham o posicionamento de popular, entretanto buscando uma proximidade maior com o público - alvo ou curioso - levaram o mesmo conceito para sua vitrine, usando-a como elemento de uma exposição massiva.
Agora, raciocínio lógico: se a Apple resolve colocar uma vitrine baixa, com luzes focadas dentro de uma loja escura, com vendedores com cara de ratinho de laboratório, você entra lá pra comprar ou prefere continuar navegando no site, branquinho, claro, organizado, dinâmico?
A engenheira Ligia Fascioni entendeu que a imagem transmitida e o conteúdo planejado devem falar a mesma linguagem, atrair a atenção com a mesma coerência, transmitindo também segurança e bom entendimento do propósito de exposição. Publicou livros sobre cases de realinhamento de imagem e estratégia de diversas empresas, e que podem ser muito bem adaptados para cases pessoais.
Em um artigo publicado pela Veja, qual não foi minha surpresa em ver Celso Kamura, maquiador de celebridades, apontando a repaginação da Presidente Dilma como um marco profissional. Da mesma forma como o Lula só conquistou a faixa presidencial quando assumiu uma imagem mais limpa, nossa dama de ferro também precisou se render aos caprichos estéticos.
(Isso não é uma apologia política, é só uma constatação de como a estética é relevante, e sem defender partido algum e deixando a hipocrisia de lado, a estratégia de marketing e branding foi brilhante, vamos concordar!)
Ser uma coisa e transmitir outra invariavelmente acaba nos colocando a margem das percepções positivas. Longe de mim defender os abusos da estética e modismos, mas cuidar da própria imagem é sinal de - no mínimo - higiene e auto-estima. E também de coerência profissional. É logicamente impossível considerar uma pessoa competente, confiável e experta se está sempre com a roupa desalinhada, o cabelo despenteado, cara amarrada (ou amassada), sapatos gastos (um paninho faz milagres, sabia?!)
Cuidar da imagem não se restringe só a imagem visual, nem tampouco a percepção sensorial. As duas linguagens devem falar a mesma coisa: eu sou A, e pareço A+. Nunca B ou A-...
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