segunda-feira, 25 de junho de 2012

Da Rio+20, o que fica de lição

Hoje li uma reportagem sobre a candidatura do Brasil a sediar mais um mega evento: a Expo 2020. Junto com as Olimpíadas e a Copa, além da Rio+20, o Brasil tem concentrado a atenção do mundo, e, internamente, investido pesado (não vamos entrar no mérito de superfaturamentos e desvios, por favor...) e recebido investimentos em adequação e construção de obras de infra-estrutura, arquitetura, turismo e sustentabilidade, e outros intangíveis como treinamentos da população e remodelagem da comunicação com o mundo todo.

Mas não pude deixar de me preocupar. Trabalhando com eventos e feiras de negócios há tempo suficiente pra saber o quanto é delicado e complicado organizar um evento que ocorre num único lugar, com poucos dias de realização e histórico sólido, as recentes notícias sobre atraso de obras, reformulação de projetos, mudanças no planejamento e divergência em discursos são, no mínimo preocupantes.

O Brasil, acostumado a fazer carnavais maravilhosos, acha que essa experiência é o suficiente pra que, na hora H, alguém dê um jeitinho de um estádio ainda sem acabamento ser inaugurado - vai saber em quais padrões de segurança e qualidade - de um aeroporto com puxadinho que só funcionam no "manual" receber mais vôos do que poderia suportar, e que superlotações sejam vistas como bom sinal de concorrência e sucesso de público. A reforma do Sambódromo foi inaugurada às vésperas do desfile - isso porque passei de taxi dias antes do feriado e ainda tinha andaimes e vergalhões nos últimos metros onde deu pra entender que o acabamento era de tapumes com massa corrida.

A Rio+20 foi um exemplo do quanto ainda precisamos aprender e amadurecer sobre gestão de eventos. Uma conferência com a bandeira de sustentabilidade que constrói estruturas gigantescas na praia, atravessando cabos da grossura de um braço em pistas de ciclismo sem sinalização e que sobrecarregaram a distribuição de energia deixando parte da Zuna Sul às escuras, é, no mínimo incoerente. A falta de organização também foi vista - pelo Brasil e pelo mundo todo - com os congestionamentos decorrentes de desvios não programados, manifestações sem organização prévia e algumas sem propósito político aparente, mudanças de trânsito mal - pra não dizer de maneira alguma - sinalizadas. A cidade se tornou um caos maior por causa de uma conferência localizada, e que se espalhou pela cidade inteira pelo oportunismo incerto. Todo mundo queria ter voz, mas muitos sequer sabiam a quem falar, e os que deveriam ouvir estavam tão perdidos com o que realmente deveriam discutir que declarações sobre o quanto a convenção havia sido infrutífera partiam de todos os lados. Faltou organização de um modo geral, e o evento não exigia grande preparação de infra-estrutura.  A ONU se preocupou - pouco - apenas com o Riocentro, e os organizadores de cada evento paralelo cuidava apenas do seu espaço, não abrangendo toda a cidade e convergindo a movimentação prevista num planejamento único.

Rezo, com todas as forças, pra que não seja preciso improvisos que coloquem em risco a credibilidade que o Brasil vem divulgando com tanto entusiasmo. Amo essa área, tenho paixão pela experiência que é possível criar através de eventos que são mais efetivas e lucrativas que muita estratégia de publicidade convencional.

Eventos corporativos são sempre uma ferramenta de auto-promoção de um setor ou uma empresa. E o Brasil não pode deixar de ter esse pensamento: o governo precisa investir, controlar, acompanhar e ter coerência na troca de governo quanto ao que o mundo já conta no seu calendário em relação aos próximos eventos globais. Não dá pra alterar o calendário da Copa porque o Itaquerão teve mais uma greve e não ficou pronto. E se os aeroportos não se adequarem, delegações inteiras podem ser prejudicadas por falta de espaço ou visibilidade de vôo na sua chegada, e se houver mais uma vez a superlotação de hotéis com diárias ofensivas, tudo o que nosso Comitê vem divulgando pode ir por água abaixo e 2 anos mais tarde haver uma imensa decepção com o evento seguinte. A mídia tem se esforçado enormemente pra divulgar o lado bom, sem exagerar, mas o que a população percebe não é beeem por aí.

O tema da candidatura para a Expo 2020 é Força da Diversidade, Harmonia para o Crescimento. Nobre, sim, já que o Brasil - e principalmente São Paulo, cidade candidata a sediar o evento - são o retrato da convivência pacífica da diversidade étnica, que tira proveito disso para se erguer como potência mundial. Mas não podemos esquecer que nessa diversidade existe também a discrepância de níveis culturais, sociais e de civilidade.

Antes de pensar em eventos mundiais, o Brasil precisa estar preparado para os pequenos - e não menos importantes - eventos locais. Feiras, campeonatos, festas de produção, férias e feriados prolongados. Sem conseguir atender internamente, o Brasil pode ver o tiro saindo pela culatra aos olhos do mundo...

O dinamismo do brasileiro, de qualquer maneira, é o seu maior trunfo, e rezo muito pra que possamos nos orgulhar do que for feito e aprendido.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Miss quem?

Longe de querer bancar a feminista, e também nada a favor de mulherões dominando a mídia.

Sou facinada pela estética, como todo ser humano. Admiro em todas as esferas a magia criada pela combinação de cores, formas, texturas. E com a imagem pessoal, não poderia deixar de ser diferente.

Estética é bom, sim. Mas com (vááárias) ressalvas.

Num artigo publicado na coluna Mulheres 7x7 a apresentação de um documentário chamado Miss Representation, que brinca com "má representação" X "garota representante", fala sobre o exagero da valorização da imagem, que deixa em segundo plano (quando não desconsidera completamente) o conteúdo de uma pessoa.

A presidenta Dilma não ficou menos ou mais inteligente por ter mudado de aparência. Mas sem dúvida se tornou mais notada, agradável aos olhos e simpática com a transformação.

Nas empresas, algumas vagas são anunciadas com o item "boa aparência". Já me vi criticando esses anúncios, até chegar a uma recepcionista completamente descabelada, unhas por fazer com eslamte descascando, e olheiras emolduradas por uma pele que parecia escorrer de oleosidade, e que tinha tirado os sapatos sob o balcão de atendimento. Aí pude entender a importância daquilo.

Não podemos permitir que as pessoas sejam valorizadas apenas pelo esteriótipo. Tão asqueroso quanto uma pessoa mal-trajada, desleixada e sem cuidados com a higiene pessoal, é uma menina linda, "gostosona", de tailler caríssimo mas que fala errado, é grossa, vulgar, alienada.

A imagem deve ser valorizada num conjunto. Já li textos que cruzaram dados sobre fisionomia e inteligência, e ficou provado que pessoas simpáticas, bem humoradas e com facilidade em articular são mais agradáveis aos olhos. Ou seja: seu comportamento o faz mais bonito.