domingo, 23 de fevereiro de 2014

Potencial e Performance

Em momentos de ócio, corro logo pra página do eLearning da empresa. E num dos treinamentos de coaching, me deparo com o descritivo: para esclarecer a diferença entre potencial e performance.

Ok, parece óbvio. Mas na prática são dois conceitos confundidos e mal empregados em auto-críticas e posicionamento pessoal. Com mais de 7 anos secretariando todo tipo de gente, em empresas de todo porte e mercado, o que eu mais ouvi dos diretores foi "ele até tem potencial, mas..." e do outro lado ouvia dos funcionários que "meu potencial é diferenciado, a empresa que não reconhece e investe!"

Pelo que eu aprendi dos princícios básicos da administração, todo empreendimento precisa, necessariamente de 3 fatores para dar certo: 1 potencial; 2 planejamento; 3 investimento. E como eu sempre tive mania de levar os conceitos corporativos para a vida pessoal - afinal de contas, é sendo bons profissionais nessa sociedade capitalista que vamos conquistar realização pessoal e conquistas materiais - lá vamos nós analisar o "eupreendimento".

1) Potencial: um empreendimento começa de uma oportunidade de mercado, pela falta de um produto ou pela diferenciação de um já existente. Com a gente não pode ser diferente: cada um tem características, experiências e vivências únicas, que se bem aproveitadas, se transformam em um potecial de destaque no mercado. Reflita sobre tudo o que você já passou, de bom e de ruim, sem falsa modéstia ou vitimismo (principalmente vitimismo!). Na boa, até defeito, se bem analisado e tratado, se torna potecial - e diferencial!

Se você tem aquela inquietação constante e não para em lugar algum, é curioso, e adora enxergar um defeito no que os outros fazem, páre de se lamentar que ninguém te dá uma chance e você acaba enjoando rápido do emprego! Valorize esse pontecial! Já pensou em ser auditor de processos ou detetive? É a perspectiva que faz uma característica ser boa ou ruim.

2) Planejamento: descoberto o potencial, é hora de colocar tudo o que você aprendeu na faculdade em prática (afinal, você não pastou 4 anos pagando mensalidade só pra pendurar um diploma na parede, né...). Planejar significa transformar uma idéia em ação. E é nesse ponto que muita gente peca. Uma idéia genial sem uma ação é só um devaneio. Com o seu potencial, que tipo de meta (realista!) é possível traçar a curto e médio prazo (já que o longo prazo é distante demais pra gerações XYW)? Definidas essas metas, analise, peça opinião, pesquise, escreva, coloque num papel, rabisque, corrija. E atualize a cada novo passo. Planejamento pode mudar no percurso, não há nada de mal nisso, desde que não se perca o foco.

Exemplo: adora decoração e design, mas fez letras. Logo, o primeiro passo é uma formação - muita leitura e oficinas, no mínimo, mas se possível um curso técnico ou até outra faculdade - se já tem alguma habilidade básica necessária pro mercado. E por a mão na massa. Planejamento realista é dar passos conscientes e consistentes, e não acordar num dia e resolver bater na porta de um escritório de arquitetura esperando que  te sirvam um café e um convite pra aprender sobre o negócio sem o mínimo de embasamento. Peça orientação a algum profissional de referência, tenha a humildade em aprender mesmo os fundamentos básicos, pesquise, estude, entenda, reveja o que já foi feito e o que precisa ser feito.

E isso vale mesmo se você está bem onde está. Reavaliar-se constantemente, atualizar seu planejamento pessoal, procurar novos desafios e motivações é parte da evolução humana. Satisfação é diferente de comodismo.

3) Investimento: esse é o ponto que temos maior dificuldade de assimilar na vida pessoal o conceito corporativo. E é o que tenho ouvido de muitos gestores que falta nas equipes. Muitas vezes a empresa até pode investir financeiramente no funcionário, mas não reconhece a contrapartida do comprometimento pessoal. Atingir um potencial requer a disciplina de manter o foco, de manter a postura de comprometimento consigo mesmo, é planejar como e quando agir, mas acima de tudo entender que às vezes algum sacrifício é necessário para conseguir alcançar aquele patamar superior.

Pra aprender, você precisa estudar ao invés de dormir ou badalar (ok, é só um exemplo, a gente precisa descansar e a vida social pode te dar networking). Só é possível, por uma simples questão de lógica, ter retorno sobre aquilo em que investimos. Dedique tempo, tenha disciplina, crie rotinas, planeje as ações e não procrastine. De nada adianta reconehcer o potencial, planejar metas se não colocamos em ação.

E sempre que bater aquele desânimo, preguiça, covardia, ou qualquer outro impedimento, olhe pra trás, veja o quanto você já evoluiu - o simples reconhecimento do seu potencial já é um ponto muito a favor! - depois olhe pra frente e reveja a suas metas. Ás vezes esse simples estímulo já basta, mas em outras é preciso recorrer a incentivos externos. Leia sobre o assunto, peça ajuda, desabafe com um amigo, reveja os passos que ainda devem ser dados.

Aí, só aí, é que vai ser possível avaliar sua performance. Ela é o resultado do desempenho entre esses pontos. É o que determina, primeiro pra você mesmo, se potencial, planejamento e investimento estão alinhados e dando resultado. Dedique uma hora do seu fim de semana pra pensar a respeito - sim, pode ser na praia, não precisa ir pro cantinho zen... desligue-se de distraçoes, como TV, smartphone, pessoas, e comece a pensar, sem escrúpulos, no que está vivendo, no que gostaria de viver e nas condições possíveis de se aproximar mais dos seus objetivos.