quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Dos seminários semiúteis

Por quem foi desenvolvido o último treinamento da empresa que você participou? 
Uma grande consultoria especializada no corebusiness? O RH na delicada missão de direcionar e controlar? Ou o gerente nacional na melhor das intenções de partilhar cases?
O fato é que raramente escuto pessoas de média hierarquia se sentindo mega felizes tendo um treinamento - salvo, claro os que vão pra um resort e articulam o tempo todo como escapar da programação oficial.
Workshops deveriam ter como objetivo alterar um cenário atual otimizando os recursos que ja tem capacitando essas pessoas com uma nova perspectiva. E temos que concordar que um olhar de fora sempre contribui muito melhor pra que essa perspectiva tenha a devida inovação.
O que não significa que quem vive diariamente o problema seja irrelevante na concepção de um novo cenário.
Conversava com um grupinho que tinha passado por 3 dias de treinamento coordenado pelos diretores nacionais. E no panfleto com a programação estava estampado "o alto escalão nacional vem partilhar com você a receita do sucesso!"
Mas o comentário na mesa era a frustração com a distância - geográfica, ideológica e prática - entre o que os palestrantes passavam e a realidade reduzida e burocracias desencontradas. O diretor de vendas já não vende há mais de 10 anos, apesar de ser um excelente gestor de pessoas não sabia sequer as atuais demandas dos clientes, só direciona seu pessoal dentro do protocolo instituído pela consultoria contratada 2 anos atrás pra remodelar processos.
Deslocaram 20 assistentes do interior pra capital do estado, com hospedagem de luxo e palestrante motivacional renomado, dinâmicas de grupo engraçadas e happy hours patrocinados pelos paraninfos, mas a reunião semanal prometida para afinar pequenos ruídos em cada filial nunca saiu do papel, e as metas impostas simplesmente não refletem o potencial de demanda por uma questão de cultura regional.
E quando eu já imaginava o fim do discurso daquelas pessoas, eu me perguntei: alguém já havia sido consultado sobre a real necessidade de orientação técnica,  num brainstorm de troca de idéias no mesmo nível hierárquico e geográfico da audiência? A verba empregada em eventos assim terá retorno efetivo? Ou não seria mais eficiente que as consultorias consultassem os interessados, e então levassem os gaps pra reposicionamento estratégico.

Tenho pra mim que um olhar de fora é ótimo pra uma perspectiva mais ampla. Mas só quem está com a mão na massa sabe o ponto certo.