terça-feira, 5 de novembro de 2019

Sensível

É hilário observar pessoas que comem escutando música e respondendo whatsapp ao mesmo tempo, que cruzam ruas assistindo filmes e se acotovelam no metrô comseus livros sem se darem conta da movimentação ao edor.
Por outro lado é deprimente perceber oisolamento das pessoas e o estranhamento com demonstrações públicas de afeto - e digo com o mero abraço ou uma gargalhada - da falta de senso de direção, coletivo ou responsabilidade, de tamanha indiferença e arrogânciaque blindam nossa capacidade de empatia.

Nos acostumamos a acariciar a tela dos nossos smartphones apreciando silenciosamente a vida alheia recheada de filtros e citações, eperdemos o tato com as relações cotidianas que são notoriamente ais etéreas, descartáveis, rasas.

Nos isolamos em fones de ouvido e repudiamos os sons naturais do nosso corpo, nos irritamos com o som da cidade, recriminamos o choro de uma criança e afogamos em baladas cada vez mais altas que substituem o diálogo.

A gente se atordoa com os jornais, maratona séries e mede relevância por stories, e já não sabemos mais dialogar entre as diferenças políticas, esqueceos como correr suar sem programas mirabolantes ou gadgets ultraconectados, perdemos a capacidade de olhar nos olhos.

Carros cada vez maiores nos isolam do mundo, e com isso não sentimos mais a rua, o vento, a fragilidade da vida. Patinetes elétricos nos economizam vida - não,isso não é uma vantagem. Aviões mais apertados e menos cortesia pra gente ir mais longe e experimentar as mesmas coisas que outros turistas já listaram nas portais de reputação.

Pagamos cada vez mis caros por exclusividade, e ainda mais grana é aplicada em diversificação de fundos e tratamentos halopáticos, mas credo em cruz de precisar pagar por um produto orgânico ou usar seu tempo pra cozinhar o próprio alimento.

Tempo? A gente mede em compromissos, em metas, em likes, em viagens, em atualizações de bens de consumo.

Qual foi a última vez que você se olhou no espelho sem críticas, tomou banho por estr feliz e não pra disfarçar o choro, que acordou antes do despertador porque seu corpo já saciou? Qual a última vez você beijou aquele mesmo alguém por mais de 2min sem se preocupar com o que viria depois? Você se lembra de tter chorado de rir esse ano? Ou de ter pedido colo sem  receio de se explicar?

A gente tá sensível. intolerante. A lactose, a demora, ao difernte. A gente perdeu nossa conexão com nosso sensorial.

quinta-feira, 28 de março de 2019

Sobre mentores pra vida

Desde meu desligamento, tenho estudado ainda mais e buscado cursos, ouvido podcast, maratonando youtubers de conteúdo e documentários.
Levantar, passar um café, alongar e revesar entre o computador, o celular e livros - sim eu leio alguns simultaneamente.

TODOS tiveram um mentor que os guiaram até esse ponto.

As referências vão desde mães e chefes/colegas a celebridades notáveis e gurus mainstream.

Por mais que eu tembém tenha essas mesmas referências, na minha vida minha principal mentora e inspiração é uma mulher mais jovem, que passou o chapéu no natal em família depois de uma apresentação de trapézio no alpendre de casa, comprou passagem só de ida pra outro continente sem falar o idioma, faz workexchange há 4 anos e tem fobia de grandes capitais e ultracapitalismo, casou como Chico Bento mas hoje são a tradução literal de petit ami, e nesse exato momento está mochilando com uma bike de 3ª mão pelo caminho de Santiago de Compostela, entre uma temporada num serviço temporário e um curso de construção biosustentável, que chegou a morar num carro que gastou mais de manutenção que seu valor de mercado (e esses dois montantes são menores que o aluguel de um apê aqui), e que me pediu de presente um spa-day pra sua depilação anual quando voltasse de viagem e um celular novo porque a grana que ela tem mal dá pra comprar cigarros.



Essa pessoa é a minha irmã caçula. E ela não é minha heroína nem um exemplo pro que eu quero ser. As vezes é o absurdo oposto do que eu tenho construído. Mas é exatamente essa liberdade e inspiração mútua sem cobrança ou expectativas, esse entender silencioso sem julgar uma a outra, essa opinião gratuita e amorosa feito remédio amargo seguido de beijinho no machucado. Se eu preciso tomar uma decisão crucial, penso em tudo que ela poderia me dizer. Rio e desprezo a maioria dos comentários imaginários (óbvio!), e posso sempre contar com a franqueza das mensagens que demoram dias pra ser respondidas (e não raro chegam depois da cagada pra celebrar que eu devia ter feito diferente.)

Minha mentora pra vida é alguém que muitas vezes eu quero colocar no colo e deixar ela chorar horas sem explicar nada, e que sabe que eu vou rir de dar câimbra mesmo se eu achar um absurdo (afinal, se ela tá feliz, é a isso que vou gargalhar!) e que tem o instagram mais misterioso do mundo mas me faz de backup pra cada foto nossinhoradeusmelivremasquemmedera...

Minha mentora mal sabe o rumo da própria vida. E muitas vezes ela é quem tá no divã. E é essa necessidade mútua que faz dela meu maior exemplo: frágil, tola, hippie e contraventora, mas igualmente honesta, íntegra, solta e crente em algo muito maior do que a si mesma que está contido inteiro dentro de cada borboleta no estômago.