quinta-feira, 28 de março de 2019

Sobre mentores pra vida

Desde meu desligamento, tenho estudado ainda mais e buscado cursos, ouvido podcast, maratonando youtubers de conteúdo e documentários.
Levantar, passar um café, alongar e revesar entre o computador, o celular e livros - sim eu leio alguns simultaneamente.

TODOS tiveram um mentor que os guiaram até esse ponto.

As referências vão desde mães e chefes/colegas a celebridades notáveis e gurus mainstream.

Por mais que eu tembém tenha essas mesmas referências, na minha vida minha principal mentora e inspiração é uma mulher mais jovem, que passou o chapéu no natal em família depois de uma apresentação de trapézio no alpendre de casa, comprou passagem só de ida pra outro continente sem falar o idioma, faz workexchange há 4 anos e tem fobia de grandes capitais e ultracapitalismo, casou como Chico Bento mas hoje são a tradução literal de petit ami, e nesse exato momento está mochilando com uma bike de 3ª mão pelo caminho de Santiago de Compostela, entre uma temporada num serviço temporário e um curso de construção biosustentável, que chegou a morar num carro que gastou mais de manutenção que seu valor de mercado (e esses dois montantes são menores que o aluguel de um apê aqui), e que me pediu de presente um spa-day pra sua depilação anual quando voltasse de viagem e um celular novo porque a grana que ela tem mal dá pra comprar cigarros.



Essa pessoa é a minha irmã caçula. E ela não é minha heroína nem um exemplo pro que eu quero ser. As vezes é o absurdo oposto do que eu tenho construído. Mas é exatamente essa liberdade e inspiração mútua sem cobrança ou expectativas, esse entender silencioso sem julgar uma a outra, essa opinião gratuita e amorosa feito remédio amargo seguido de beijinho no machucado. Se eu preciso tomar uma decisão crucial, penso em tudo que ela poderia me dizer. Rio e desprezo a maioria dos comentários imaginários (óbvio!), e posso sempre contar com a franqueza das mensagens que demoram dias pra ser respondidas (e não raro chegam depois da cagada pra celebrar que eu devia ter feito diferente.)

Minha mentora pra vida é alguém que muitas vezes eu quero colocar no colo e deixar ela chorar horas sem explicar nada, e que sabe que eu vou rir de dar câimbra mesmo se eu achar um absurdo (afinal, se ela tá feliz, é a isso que vou gargalhar!) e que tem o instagram mais misterioso do mundo mas me faz de backup pra cada foto nossinhoradeusmelivremasquemmedera...

Minha mentora mal sabe o rumo da própria vida. E muitas vezes ela é quem tá no divã. E é essa necessidade mútua que faz dela meu maior exemplo: frágil, tola, hippie e contraventora, mas igualmente honesta, íntegra, solta e crente em algo muito maior do que a si mesma que está contido inteiro dentro de cada borboleta no estômago.

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